De novo. Mudei de jornal de novo. Não sei, cansei de escrever todos os domingos na mesma coluna sobre o fatídico cotidiano político, queria mudar - por sinal, amo mudanças. Pois bem, semana passada pedi demissão pro Editor Geral. Claro, eu não saí do "Correio Express" sem nunhum plano futuro, acabara de receber uma proposta - com o dobro do salário - para ser cronista de um dos maiores jornais da cidade: "Jornal do Estado".
Hoje, foi meu primeiro dia na nova redação e, assim como das outras vezes, me senti desconfortável e desorientado: nenhum daqueles vários rostos me pareciam conhecidos.
O ambiente era muito agradável: cada jornalista tinha sua própria cabine, com seu computador e cadeiras confortáveis de couro; as paredes, todas brancas, tinham alguns quadros; as grandes janelas davam uma vista ampla da cidade; uma porta de vidro ao lado esquerdo, dividia o espaço de trabalho da biblioteca e, bem no fundo da imensa sala, cinco saletas pertencentes aos editores.
- Por aqui, Stefano.
Uma voz quase rouca me fez voltar à realidade, era o editor geral que veio me dar as instruções. Passei quase uma hora na sala dele, escutando todas as regras e horários locais. Finalmente ele me conduziu até minha cabine de trabalho.
- Já pode começar a escrever. Você está atrasado. Amanhã será publicada sua primeira crônica.
Pude perceber, então, por que aquele era um grande jornal, ninguém 'dormia no serviço'.
Estava tão animado com os acontecimentos recentes, que tive um bloqueio total de criação. Nada, nenhuma história, nenhum tema digno de ser escrito me aparecia, comecei a ficar nervoso. Eram 12:00 e nenhuma linha havia sido redigida por mim. Preferi não almoçar, afim de ganhar tempo - a versão final fechava às 17:00.
A sala estava fazia, todos tinham ido comer. Me levantei, fui até a janela e fiquei observando os carros que passavam na rua - a redação ficava no quinto andar. Entre um automóvel e outro, parei para reparar nos prédios ao redor: um condomínio, um mini-shopping, um restaurante e... e... MODART? O que é isso? Uma loja de roupas? Não aparentava, mas, pelo nome, poderia ser.
Depois de alguns poucos minutos, me cansei da paisagem. Voltei ao meu cubículo, com uma idéia. Finalmente! Não era a minha melhor, mas marcaria a minha chegada. Todo o texto que não saiu em 3 horas, estava ali, pronto, feito em 50 minutos.
Faltava uma meia-hora de almoço ainda. Decidi ir ao restaurante do outro lado da rua. Desci pelo elevador, cheguei no andar térreo, atravessei a grande sala de recepção, fiz 'aquele social' com o porteiro, esperei o sinal fechar e atravessei a rua. Caramba, a fila pra comer n'aquele restaurante, era imensa! Imagino que todos que trabalhavam por perto iam almoçar lá! Não estava afim de esperar. Lembrei do salgadinho e refrigerante que eu tinha trazido de casa. Voltei pro prédio e preferi almoçar sozinho.
Era 1:30 e todos voltaram aos seus postos. Como meu texto estava pronto, decidi ir falar com o editor do meu caderno. Entreguei-lhe o rascunho, ele leu, marcou alguns pontos à serem refeitos e me mandou voltar ao trabalho. Os erros não eram muitos, uma ou outra idéia mal fundamentada, corrigi-os rapidamente e fui falar com o desenhista. Queria ilustrar minha crônica, mas não era nada demais, só uma ilustração pequena, dessas que ele - aposto - faria em poucos minutos.
Faltava bastante para acabar o expediente, mas meu trabalho já estava pronto. Mandei a versão final pro editor, o qual me respondeu, desta vez, com um positivo "Está bom".
Finalmente, depois de muito esperar, chegou a hora de ir embora. Peguei meu carro e dirigi até em casa. Ao chegar Lassy, minha cachorra, deu altos pulos de alegria: estava na hora de pô-la para fazer necessidades. Apesar de cansado, coloquei a coleira na linda Beagle, dei uma volta no quarteirão com ela que, por sua vez, fez o que tinha pra fazer. Preparei meu jantar, comi, tomei banho e vim aqui escrever. Pretendo continuar redigindo meus dias por aqui.
Não está muito tarde, mas eu estou morrendo de sono.
Boa noite. Amanhã eu volto.
Stefano.
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
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