segunda-feira, 28 de abril de 2008

Stefano - o começo.

Estou sem idéias. Tentei romantizar o meu primeiro encontro com a Carolina, mas não consegui - esse assunto bloqueia toda a minha criatividade. Façamos assim então, contarei como aconteceu, sem rodeios, floreios e poetismo, pois foi exatamente assim que tudo aconteceu: sem-graça.
Naquela quinta-feira eu havia decidido não ir almoçar - mais por excesso de trabalho do que por falta de fome. Aos poucos, a redação foi se esvaziando e sobramos nós dois: eu, Dennis (editor-chefe) e Sueli (secretária do Dennis). Ela abriu um sanduíche natural e pois-se a comer vagarosamente enquanto saboreava um delicioso livro de Fernando Sabino. Ao vê-la nessa cena saborosamente poética, senti minha barrica roncar como um monstro que acabara de dormir.
- Não está com fome, Stefano?
Eu estava tão entretido vendo-a que não percebi que o Dennis estava de pé ao meu lado.
- Eu? Não. Tenho muita coisa pra fazer.
- Deixa disso! É melhor pensar de barriga cheia, vamos comer.
- Não, mas...
- Eu insisto.
Percebi que não havia argumentos suficientes ao meu favor que fizessem o convite parecer ruim. Aceitei por fim e fui almoçar com ele.
Conversamos sobre o trabalho o caminho todo e assim continuaríamos se, ao chegar no restaurante, ele não encontrasse uma velha amiga, editora da Modart: Carolina. Confesso que há princípio a achei bonita demais para ocupar um cargo tão elevado. Não intenda essa frase como preconceituosa (óbviamente mulheres bonitas podem ser inteligentes também), mas é que, geralmente, criamos uma imagem maléfica dos editores-chefes e Carolina fugia totalmente a esse padrão.
Sentamos nós quatro (eu, Dennis, Carolina e sua secretária) numa mesma mesa e não falamos em trabalho nenhuma vez. Quer dizer, eu pelo menos não escutei se falaram. Na verdade, eu não escutei nada - estava totalmente submerso nos olhos dela que apesar de serem azuis, lembravam os de Capitu.
Acabamos de comer, nos despedimos e cada um voltou para sua redação.

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